PR/Madeira: Jardim esqueceu quezílias com o "sr. Silva" e recebe "amigo Cavaco" na primeira visita oficial à região
Alberto João Jardim "esqueceu" as quezílias com o "sr.Silva" e recebe a partir de segunda-feira o "amigo Cavaco", que efectua a primeira visita oficial à Madeira como Presidente da República ao arquipélago.
Ao longo dos anos as divergências entre Jardim e Cavaco Silva foram notícia e ainda há quem se lembre de que, em 2003, em Braga, o líder madeirense afirmou:"Cavaco Silva não é o meu candidato".
Nessa altura, numa iniciativa partidária, Jardim disse que "não apoiaria a candidatura presidencial do "professor Cavaco, o candidato do sistema, desta terceira república", pois "não acreditava que ele propusesse uma alteração da Constituição, através de um referendo" como ele defendia.
Em 2005, durante a campanha eleitoral para as legislativas nacionais, Jardim endureceu mesmo as críticas a Cavaco Silva, depois deste ter admitido que "apostaria numa maioria absoluta do PS e não do PSD", mostrando divergências com a actuação do líder do PSD, Santana Lopes.
"A atitude do prof. Cavaco Silva justifica a abertura de um processo disciplinar que, se houver vergonha, culmina com a expulsão do sr. Silva do PSD", defendeu nessa altura o presidente do governo madeirense.
Mas a situação mudou, e em declarações à agência Lusa proferidas este ano, Alberto João Jardim recordou que quando Cavaco Silva começou a contactar os dirigentes do PSD com vista à sua candidatura a Belém manifestou de imediato o seu apoio.
"Nem sequer lhe dei tempo para que ele se visse na necessidade de solicitar fosse o que fosse. Começou a falar ao telefone e eu disse-lhe: "senhor professor já sei o que é, conte connosco, vamos até o fim", adiantou.
"É a minha maneira de ser com os amigos, podemos discutir, podemos ter quezílias, mas amigo é amigo, quando se trata de ajudar, vamos embora", garantiu.
Jardim admite que "foi muito crítico" com as posições assumidas por Cavaco Silva no passado, opinando que "ao princípio ele não entendia, como entende hoje, as autonomias, via-as com fortes desconfianças e, por outro lado, estava rodeado de algumas pessoas que também eram hostis à descentralização. Graças a Deus essas desconfianças dissiparam-se e, no final dos seus mandatos muito ajudou a Madeira".
Por essa razão, um ano depois de ter criticado duramente Cavaco Silva, Jardim apoiou incondicinalmente a sua eleição para a Presidência da República, considerando que falava mais alto "o interesse nacional que era eleger o professor Cavaco Silva".
Jardim destaca que não renega o passado, nem esconde que existiram algumas divergências com o actual Chefe de Estado "não no domínio dos princípios ou valores, mas em questões concretas, quer como primeiro-ministro, quer em incidentes posteriores que houve com governos do PSD".
Cavaco Silva iniciou mesmo oficialmente a sua campanha eleitoral na Madeira, e numa iniciativa no Funchal, a 07 de Janeiro de 2006, prometeu, caso fosse eleito, "ser sempre uma voz em defesa da autonomia regional da Madeira e dos Açores porque estava convencido que isso é a resposta certa para um Portugal mais próspero, para um Portugal maior".
Declarou ainda que a "Madeira é bem o exemplo de como a autonomia é a resposta concreta às aspirações da população", exemplificando não haver comparação entre a Madeira de 1985 e a de 2006.
Assim, a 22 de Janeiro de 2006, Cavaco Silva venceu as eleições presidenciais em todos os onze concelhos da Região Autónoma da Madeira, obtendo 58,47 por cento dos votos.
Em segundo lugar na Região ficou o dirigente socialista Manuel Alegre, com 15,72 por cento dos votos, seguido do candidato apoiado pelo PS, Mário Soares, que obteve 11,90 por cento, Francisco Louça (7,79), Jerónimo de Sousa (5,16) e Garcia Pereira (0,96).
Depois de conhecidos os resultados desse acto eleitoral, Jardim realçou que a vitória de Cavaco Silva "abria novas perspectivas para o futuro e reponha um certo capital de esperança no país".
Hoje, Jardim elogia mesmo o Chefe de Estado, argumenta que "pela forma como tem exercido o seu mandato, Cavaco Silva se tornou uma referência de Estado" e não esconde a sua satisfação pela deslocação do Presidente da República à Madeira, garantindo que "as quezílias ficaram para trás".
Cavaco Silva chega na tarde de segunda-feira à Madeira, numa visita que se prolonga até 20 de Abril, prevendo o programa deslocações a todos os concelhos da região, incluindo à ilha do Porto, onde fica durante um dia.
Presidente ainda às comemorações oficiais dos 500 anos da elevação do Funchal a cidade, data que se celebra a 21 de Agosto e foi antecipada para coincidir com a visita do Presidente da República.