Informações facultadas à Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) por um fiscal incumbido de acompanhar as obras das futuras instalações do Hospital Pediátrico de Coimbra (HPC) são demolidoras, apurou o “Campeão”.
José Varandas acaba de suceder a António Gomes como gestor do Gabinete do novo HPC no âmbito da Administração Regional de Saúde.
Argamassa de que nem o fornecedor dá garantias face à utilização, betonagem feita num dia e descofragem lateral executada no dia seguinte, tijolos de qualidade inferior e aplicados por molhar, uso de pré-aros de portas em madeira alegadamente atingida pelo fogo e supressão de trabalhos com pagamento ao empreiteiro de metade do valor dos mesmos, eis, em síntese, aquilo a que aludiu o fiscal residente da obra.
Um professor auxiliar da Universidade de Coimbra, Luís da Costa Neves, co-autor do projecto de fundações e estruturas do HPC, sugeriu à ARSC a realização de uma auditoria, soube o nosso Jornal através de um documento a que teve acesso.
Para aquele docente do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Coimbra, a auditoria deverá contemplar a análise do modo de execução dos trabalhos, dos materiais empregues e dos eventuais desvios em relação ao projecto que serviu de base ao concurso.
A sugestão foi ditada pela gravidade que Costa Neves imputa a declarações inseridas num relatório enviado pelo empreiteiro (Somague) à Planege, firma contratada para fiscalização da obra depois de ter intervindo na revisão do projecto de fundações e estruturas.
Num documento a que o “Campeão” acedeu, o docente universitário alega que não há projecto capaz de resistir à falta de qualidade na execução e adverte para o provável aparecimento de patologias (maleitas).
Em Dezembro de 2005, o então ministro da Saúde, Correia de Campos, defendeu o apuramento de eventuais responsabilidades políticas do anterior Governo em relação à adjudicação do novo edifico do HPC, cujas obras estiveram a marcar passo no segundo semestre daquele ano.
Com início no final de Março de 2005, as obras foram objecto de auto de consignação em Janeiro (a um mês das eleições legislativas).
Após a adjudicação da construção – confiada a um consórcio constituído pelas firmas Somague e Bascol (que possui, hoje em dia, uma participação residual no ACE - Agrupamento Complementar de Empresas criado para o efeito) –, o projecto foi sujeito a reformulação por iniciativa da Direcção-Geral de Instalações e Equipamentos da Saúde (DGIES).
Coube ao Gabinete de Estruturas e Geotecnia (GEG) suceder a um consórcio formado por ateliês onde pontificam os arquitectos Conceição Silva e Matos Veloso.
Em relatório enviado, há dois meses, à Planege, o empreiteiro alertou para a “ocorrência futura de possíveis patologias na obra”, fazendo notar que elas poderão apresentar “uma tendência de agravamento com o normal desenrolar dos trabalhos”.
Contactado anteontem, Tadeu Cruz (da Planege) remeteu o nosso Jornal para a ARSC.
Segundo um documento redigido em Janeiro de 2006, um representante da DGIES, Virgílio Augusto, questionado pelo arquitecto Conceição Silva, indicou que ia ser pedido ao GEG para proceder à verificação da segurança das estruturas dos 26 corpos do futuro edifício do HPC.
Por alegada insuficiência de resposta do projectista inicial, o GEG foi incumbido de reformular o projecto de fundações e estruturas dos corpos do edifício localizados entre os eixos 07 e 22.
Embora num relatório recente a Somague dê a entender que devem ser imputadas responsabilidades ao projectista inicial, Virgílio Augusto, há dois anos, confirmou que cabia ao GEG, em matéria de fundações e estruturas, responder pela totalidade do edifício.
Outro concurso ? A ARSC considerou anteontem que o desvio do valor dos encargos em relação ao montante da adjudicação (37,5 milhões de euros) é de “cerca de 18 por cento”, mas um documento da Planege, Consultores de Engenharia e Gestão, aponta para um desvio de 25,3 por cento.
Especialistas auscultados pelo nosso Jornal entendem que, caso se confirme a existência de um desvio desta grandeza, há lugar à abertura de concurso para a realização de trabalhos a mais.
O desvio prende-se com erros e omissões (acordados e em contencioso), actualização de preços e trabalhos a mais, sendo que neste caso só um volume residual foi objecto de acordo e a maior parte deles corresponde a uma estimativa.
No capítulo de fundações e estruturas e movimento geral de terras, os trabalhos a mais estimados cifram-se em 39,3 por cento. Ao mesmo capítulo corresponde um desvio elevado relacionado com erros e omissões.
O arranjo de espaços exteriores, cujo montante inicial era de 800.000 euros, sofre um agravamento de cerca de meio milhão de euros em erros e omissões e de 730.00 euros em trabalhos a mais estimados.
Com conclusão inicialmente prevista para o final de 2007, o novo edifício do HPC foi concebido para acolher 220 camas (quase o triplo da capacidade das actuais instalações), tratando-se da primeira unidade do género a ser construída de raiz em Portugal.
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Ai, que a "argamassa" anda mazé a entrar no bolso de alguém ..... Esta notícia lembrou-me uma (outra) notícia de hoje, sobre o Tribunal de Santa Maria da Feira, que está em perigo de derrocada....
Sinceramente !!!!
É que é um edifício com meia dúzia de anos.
E em derrocada, repleto de fendas nas paredes e no pavimento ??????
Mas então eles usam ferro e cimento ou os pilares são feitos com madeira e areia ... ?
E quem serão os enginhêros (de obras "púbicas") que fazem esta merda ?
Na tenda do Adelino ....