Ninguém o cala (... a Joe Berardo)

Ninguém o cala

No Outono de 2004, quando o desnorte do Governo de Santana Lopes já era claro, almocei com ele em S. Bento.

Estava-se naquele período em que todos os dias um ministro cometia uma gaffe, obrigando Santana a habilidades de trapezista para disfarçar os disparates.

Percebendo que o Governo caminhava para o abismo, eu disse ao primeiro-ministro uma coisa muito simples: «Mande calar os ministros. Não os deixe falar. Com isso resolverá grande parte dos problemas».

Nas últimas semanas, ao ouvir as sucessivas intervenções de Joe Berardo nas televisões, lembrei-me daquele almoço.

O problema é que, se no caso do Governo ainda havia alguém que poderia mandar calar os ministros, no caso de Joe Berardo não há ninguém que o possa fazer.

Pelo contrário: as televisões, percebendo que ali está um enorme filão, convidam-no a todas as horas.

Berardo transformou-se num homem-espectáculo.
De cada vez que aparece dá show.

As palavras inglesas que mete no meio das frases em desastroso português, o inesperado tratamento dos interlocutores por tu, as trapalhadas que arranja (sem aparentemente se atrapalhar), os ziguezagues de opinião, tornam Berardo um bom isco para as audiências.A única hipótese de calar Berardo seria Berardo calar-se.

Mas ele, estranhamente, não se cala.

E digo estranhamente, porque é óbvio que essas intervenções o prejudicam, sendo mesmo difícil acreditar que aquela pessoa é a mesma que fez uma fabulosa fortuna e geriu os seus negócios com o talento necessário para ser hoje tão rico.

Acresce que essas aparições televisivas não o afectam só a ele – afectam uma entidade muito maior do que ele.Recorde-se o que aconteceu no Prós e Contras da semana passada.

Pelo BPI estava Fernando Ulrich, que tem uma imagem credível, uma presença correcta, fala serenamente, transmite confiança.

Como pelo BCP não estava ninguém, quem apareceu perante o país inteiro como ‘a voz do Millennium’ foi Joe Berardo.

E como se comportou Berardo?

Começou por dizer que a proposta de fusão do BPI era uma tábua de salvação do próprio BPI e do engenheiro Jardim Gonçalves, era uma coisa sem pés nem cabeça, como se Portugal fizesse uma proposta de fusão a Espanha em que o Governo português ficaria a mandar na Ibéria.

Ora bem: após horas de discussão, Berardo já dizia que a proposta devia ser estudada, que ele pessoalmente concordava com a fusão e que admitia que Fernando Ulrich fosse o presidente do futuro Millennium BPI.Admito que a trapalhada de Berardo fosse mais aparente do que real; acredito que o seu fraco domínio do português contribua para o confundir também a ele próprio.

Mas será que não tem consciência disso?

Não percebe que é confuso e se expressa mal?

Não entende que as confusões que arranja são terríveis para o banco de que é accionista?

No caso do Prós e Contras, o mano-a-mano entre ele e Ulrich foi péssimo
para o BCP – porque de um lado estava uma pessoa que parecia fiável e
do outro alguém que, até por ser imprevisível, suscita enormes reservas.

E todos sabemos como, na banca, a confiança e a fiabilidade são decisivas.

Não me parece estranho que as televisões convidem Berardo.

Nem que o presidente do BCP não queira expor-se publicamente nesta altura e recuse ir a programas como o Prós e Contras, ‘entregando’ o palco ao empresário madeirense.

O que estranho é o interesse de Berardo em ir às televisões, prejudicando a sua imagem e a do banco de que é grande accionista, provocando a queda das suas próprias acções!

Um ‘submarino’ da concorrência não faria melhor.

Quem sabe se os danos que Berardo já causou ao BCP com as suas aparições televisivas não são maiores do que o dinheiro que lá investiu.

José António Saraiva - Blog Política a Sério
SOL

JOE é um GRANDE HOMEM. É uma máquina de fazer dinheiro !!!

Sem estudos. E isso é um motivo de GRANDE IRRITAÇÃO para os intelectos da praça, que não produzem 1 KG de batata.

E diz aquilo que os outros, SÓ PENSAM.

Porque é LIVRE.

Nao deve nada a ninguém !!!